sábado, 19 de março de 2011

A psicologia no esporte

A Psicologia do Esporte tem como principal objetivo otimizar o desempenho do atleta, visando seu bem estar psicológico


É uma alegria muito grande escrever uma coluna sobre Psicologia do Esporte, sobretudo quando os leitores são amantes do Futsal. Pretendo, nesse espaço, mostrar um pouco da função do psicólogo do esporte, e, também, desmistificar algumas concepções errôneas que se tem a respeito desse trabalho. Vou começar contando o que é, afinal, a Psicologia do Esporte e como a preparação psicológica pode fazer parte da preparação global de um atleta.

A Psicologia do Esporte é uma ciência recente, principalmente no Brasil. Os estudiosos da área apontam o final do século XIX e princípio do século XX como início da Psicologia do Esporte no mundo. No Brasil, nossa história começou na década de 50. Poucas pessoas sabem, mas, em 1958, João Carvalhaes, pioneiro da Psicologia do Esporte no Brasil, integrava a comissão técnica da Seleção Brasileira de Futebol, campeã do mundo na Suécia.

Nas últimas décadas, observamos um crescimento das ciências aplicadas ao esporte, como a Medicina, a Biomecânica, a Nutrição, a Fisioterapia e a Psicologia, que acompanha o desenvolvimento dessas ciências. A Psicologia do Esporte é uma especialidade da Psicologia, e, em linhas gerais, estuda o comportamento humano no contexto esportivo. Em se tratando de alto rendimento, a Psicologia do Esporte tem como principal objetivo otimizar o desempenho do atleta, visando seu bem estar psicológico. Além de beneficiar atletas de alto rendimento, os conhecimentos da Psicologia do Esporte também podem ser aplicados a pessoas que praticam atividades físicas em geral, sem fins competitivos.

Frequentemente ouvimos expressões como: “o time não estava preparado psicologicamente para o jogo”, “faltou controle emocional”, ou então “isso é falta de concentração”. Essas frases, na maioria das vezes, são utilizadas para justificar um mau desempenho ou até uma derrota que não tem uma explicação técnica/tática ou física. Estudos científicos comprovam que algumas variáveis como motivação, concentração, ansiedade pré-competitiva, coesão de grupo, entre outras, interferem no desempenho do atleta. Entretanto, parece que a importância dessas variáveis só é considerada quando o time perde, quando o atleta erra um salto, ou quando se desperdiça um pênalti. Geralmente a falta de conhecimento dos autores dessas frases acaba, muitas vezes, simplificando um problema e colocando a culpa no “psicológico”.

Acredito que essa confusão acontece porque existe uma crença de que a parte física e técnica/tática estão relacionadas ao “corpo” do atleta e que as variáveis psicológicas estão “na cabeça”, e é muito complicado saber o que se passa “na cabeça” das pessoas.....Será???

O psicólogo do esporte não é mágico, não tem bola de cristal e também nenhuma pílula que solucione todos os problemas. Ele estuda o comportamento do atleta e o ambiente a sua volta. E a partir daí pode propor intervenções para modificar esse comportamento e, assim, melhorar seu rendimento. A preparação psicológica é um processo, e deve fazer parte da preparação global do atleta, assim como a preparação técnica/tática e física. Por exemplo, quando uma equipe de futsal inicia sua preparação para uma temporada, a comissão técnica faz um planejamento para que, na competição, os atletas estejam bem na parte técnica/tática e física. Esse planejamento também deve considerar a preparação psicológica. O psicólogo do esporte deve acompanhar o atleta durante o período que antecede a competição. Mas, infelizmente, em alguns casos, ele só é lembrado quando alguma coisa dá errado.....

Mas acredito que esse panorama já está mudando. Atualmente, no Brasil, existe uma maior preocupação com a preparação psicológica dos atletas.